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História

História

20
Mar24

Nacionalismo

Sérgio Sodré

Nos últimos dois séculos, o Nacionalismo tem sido um elemento central da sociedade e da política. Nenhuma ideologia conseguiu igualar a sua força e as suas repercussões, e nenhum movimento político teve a mesma importância no mundo.

Proposições básicas:

  • O mundo está dividido em nações, cada uma com o seu propósito caráter, história e destino.
  • A nação é a única fonte do poder político.
  • A lealdade à nação supera todas as outras lealdades.
  • Para ser livre, todo o indivíduo tem de pertencer a uma nação.
  • Uma nação exige liberdade de expressão e autonomia totais para si.
  • A paz global e a justiça exigem um mundo constituído por nações autónomas.

Propriedades sagradas da nação:

  • A crença na eleição étnica, a ideia de nação como povo eleito encarregado de uma missão especial ou que tem um pacto exclusivo com a divindade.
  • Uma afinidade com um território sagrado, uma pátria ancestral santificada por santos, heróis e sábios, assim como pelos túmulos e monumentos dos antepassados.
  • Memórias comuns de "idades do ouro", vistas como os pontos altos da etno-história da nação, eras de esplendor material e ou espiritual e artístico.
  • O culto dos "mortos gloriosos" e do seu sacrifício heróico em prol da nação e do seu destino.

O Nacionalismo adquire importância fundamental:

  • Nas crises de construção da nação.
  • Nas conquistas.
  • Frente a ameaça externa.
  • Em disputas territoriais.
  • Frente a dominação de um grupo étnico ou cultural hostil.

 

 

27
Fev24

O Mito do mercador burguês Fernão Gomes

Sérgio Sodré

 

A figura de Fernão Gomes tem sido usada pela “Historiografia burguesa e progressista” como exemplo maior para atribuição de especial relevância à suposta iniciativa mercantil privada burguesa na gesta dos Descobrimentos no sec. XV. Isto, a par de um pretenso desinteresse do rei D. Afonso V pela gesta marítima.

Mas afinal quem terá sido Fernão Gomes?

*No século XVI, João de Barros e Damião de Góis forjaram uma imagem falsa do rei D. Afonso V que perdurou até aos nossos dias e que continua a ser veiculada nas escolas deste país. Reza a estória contada pelos cronistas, que o Africano foi um monarca desinteressado dos Descobrimentos… e acabara por arrendar a exploração dos mares a um particular Fernão Gomes um honrado cidadão de Lisboa, nas palavras de Barros, abusivamente transformado num burguês por certa historiografia do século XX, apesar da documentação coeva o referir em 1469 como escudeiro da Casa Real, e sendo certo que a expressão cidadão honrado, na lógica da cronística quinhentista, deve ser associada aos indivíduos com foros de nobreza… * (Professor João Paulo Oliveira e Costa)

Ou seja, Fernão Gomes era um escudeiro da Casa Real como o foram tantos outros que dirigiram expedições navais no sec. XV. Era de família nobre enquanto filho de Tristão Gomes de Brito, que se dizia ser descendente por linha varonil dos antigos de Brito. Nas suas viagens contou com a colaboração de cavaleiros da Casa Real, como João de Santarém e Pêro Escobar (decerto com autorização ou mesmo por determinação régia).
Fernão Gomes esteve nas conquistas do Norte de África, sendo armado cavaleiro por D. Afonso V em Tânger.
A 29 de agosto de1474, recebe brasão de carta de armas novas e consequentemente a condição de fidalgo de cota de armas, juntamente com o apelido Minas.
Sim, em 1469, obteve o arrendamento do monopólio do contrato de comércio do Golfo da Guiné, mas também a obrigação de explorar 100 léguas anuais da costa africana; Não, não era um mercador particular burguês do povo, mas sim um pequeno nobre e escudeiro régio e foi por determinação e ao Serviço do Rei que agiu antes de qualquer outra coisa…

12
Jan24

Os Lusíadas - seleção de referências

Sérgio Sodré

Nos quinhentos anos do nascimento de Luís de Camões (1524-1525), publico as referências (desordenadas) que fiz ao longo de muitas leituras de "Os Lusíadas", as quais permitem aceder a versos selecionados rapidamente:

As Quinas: 3-53ss; 4-25; 8-19.

Valor das obras portuguesas: 2-86; 2-111; 2-113.

Feitos portugueses: 1-5; 1-74; 2-44ss; 3-3; 3-5; 4-74; 6-29ss; 7-14; 7-77; 8-2; 8-35; 10-10ss; 10-13; 10-71; 10-147ss.

Amor à Pátria, Guerra pela Pátria: 1-10; 3-20; 3-21; 4-15; 5-99ss; 10-9.

Pátrio Marte: 4-15; 6-56; 7-55ss; 10-153.

Deslealdade à Pátria, Traidores: 4-13; 4-15; 4-32ss.

Traições: 8-52.

Lealdade, Disciplina e Fidelidade dos Portugueses: 5-71ss; 5-90; 7-72.

Decadência da Pátria: 8-39; 10-145.

Futuro de Portugal: 7-77; 10-74; 10-107; 10-152.

Fama e Invencibilidade portuguesa: 1-1ss; 1-31; 2-54; 4-56; 6-33; 6-83; 7-55ss; 7-71; 9-45; 10-74.

Fúria, Coragem a Ânimo português: 1-1ss; 2-55; 3-81; 8-36; 10-147ss.

Justiça, Mérito: 2-46; 9-93ss.

Adulação: 9-27; 10-24.

Fraqueza: 1-40; 1-68; 9-80.

Força; Pátria do Forte: 1-32; 8-64.

Honras: 6-83; 6-95ss; 9-39; 9-89; 9-94.

Honras indignas: 8-41; 9-93.

Fama: 1-14; 1-68; 6-95ss; 7-87; 9-80.

Feitos valorosos: 1-2ss; 5-92; 5-99ss; 6-83; 7-87; 8-2; 8-35; 9-88; 9-95; 10-71.

Memória dos feitos: 1-14; 5-92; 6-83; 7-77; 7-82; 9-39; 9-95; 10-71.

Nome ilustre: 2-58; 7-77.

Antepassados, Honra familiar, Decadência: 4-67; 5-92; 6-95ss; 8-39ss; 9-95.

Heróis injustiçados: 10-23ss.

Desgraça dos Grandes: 6-15.

Glória: 2-52; 2-113; 3-3; 4-95ss; 9-39; 9-89.

Virtude, Louvor: 4-81; 5-90; 5-92; 6-95ss; 9-93; 10-113.

Ignorância portuguesa: 5-97ss.

Comparação, Portugueses e outros Europeus: 7-4ss; 10-152.

Bons e Maus Conselheiros: 8-54ss; 9-26ss; 10-149; 10-152.

Servir: 9-95.

Dever, Lucro: 8-94.

Utilidade vs Amor: 9-25.

Fé: 10-122.

Vida: 1-105ss; 4-99; 5-80.

Trabalhos: 4-82ss; 6-95ss; 8-66; 8-70; 9-17; 9-20; 9-39; 4-104.

Experiência vs Imaginação: 9-83.

Informações, Cuidar: 7- 66; 8-86; 8-89.

Bem, Mal: 4-51; 5-80.

Alma, Morte: 4-86; 5-83.

Malícia, Virtude falsa: 2-9; 2-30; 10-113.

Abuso do Poder, Injustiça: 6-15; 7-86; 9-26ss; 10-58.

Arrivismo: 7-84; 8-41.

Dinheiro, Corrupção: 8-60; 8-94; 8-96ss; 9-26ss; 9-93; 10-150.

Verdade: 5-89; 8-75; 10-154.

Temor, Perigo: 4-27.

Prevenção: 8-50.

Oportunidade: 1-76.

Esperança falsa: 1-105ss.

Sedução, Inconstância feminina: 3-142ss; 9-33; 9-46.

Comércio, Guerra: 8-59; 8-92.

Guerra, Ambição: 4-44; 9-95.

Guerra, Paz: 1-94; 10-153.

Guerra aos Mouros: 3-44; 4-48; 4-100; 6-83; 7-70; 9-94.

Turcos: 2-46; 5-45; 7-12.

Meca, Naus de Meca: 9-1ss.

Dilatação territorial: 3-94.

Império Português: 4-74; 6-7; 7-14; 10-10ss; 10-144; 10-151.

Descobrimentos: 2-45; 4-76; 5-4; 5-66; 7-14; 8-70; 9-86; 10-138.

Conquista do Mar: 1-32; 2-54; 4-66; 5-66; 8-57; 8-70; 9-86; 10-138; 10-142.

Viagem à Índia: 1-50; 2-80; 2-101; 4-76; 5-1ss; 6-92ss; 7-1; 8-73; 10-144.

Conquista da Índia: 1-10.

Perigos do Mar: 5-16ss; 5-44; 5-66ss; 8-67; 8-73; 9-39.

Tempestades, Ciclones, Marmoto, Trompas de Água: 2-47; 5-18ss; 6-35; 6-70ss; 6-84; 6-94.

Fogo, Água: 10-33.

Cruzeiro do Sul: 5-14.

Constelações: 10-88.

Sepultura: 5-83.

Casamento: 9-84.

Expansão, Expansão do Cristianismo: 3-94; 7-2ss; 10-147.

Deus, Divina Providência, Cristo, Cristianismo, Fé: 1-65; 3-3; 4-82; 4-111; 5-68; 7-31; 7-69; 10-38; 10-80; 10-83.

Religiosos falsos: 8-55; 9-28; 10-119; 10-150.

Deuses hindus: 7-47ss.

Gigantes: 2-112.

Reis Magos: 5-68.

Mercadorias do Oriente: 2-4.

Ocidente e Oriente: 1-50.

Os 4 Elementos: 6-10ss.

O Indo e o Ganges: 4-99ss; 10-121.

Socotorá, Madagáscar: 10-137.

Américas: 10-139.

Fraco rei: D. Fernando: 3-138.

Jesus: 1-65.

Viriato, Sertório: 3-22; 8-5ss; 8-36.

Conde D. Henrique: 3-23ss; 8-9.

D. Teresa: 3-29ss.

Egas Moniz: 3-35ss; 8-13ss.

D. Afonso Henriques: 3-26ss; 3-83ss; 8-10ss.

D. Fuas Roupinho: 8-16ss.

Mem Moniz: 8-19ss.

Geraldo Sem Pavor, Évora: 3-63; 8-21.

D. Sancho I: 3-75ss; 8-20.

D. Paio Correia: 8-25ss.

Pêro da Covilhã, Afonso Paiva: 4-61ss.

Inês de Castro: 3-118ss.

D. João I: 4-2; 4-12; 4-17.

D. Afonso V: 4-54ss.

D. João II: 4-58ss.

D. Nuno Álvares Pereira, Cipião Português: 4-14ss; 8-28ss.

D. Pedro e D. Duarte de Meneses: 8-38.

Heitor da Silveira, Heitor Português: 10-60.

Infante D. Henrique: 5-4; 8-37; 8-71.

Infante Santo: 4-52ss.

Bartolomeu Dias: 5-44.

Vasco da Gama: 1-44; 4-77ss; 7-73; 10-53.

Estevão da Gama: 10-62.

Martim Afonso de Sousa: 10-63ss.

Manuel de Sousa Sepúlveda, Naufrágio: 5-46ss.

Fernão Veloso: 5-30ss.

Duarte Pacheco Pereira, Aquiles Lusitano: 2-52; 10-12ss; 10-25.

D. João de Castro: 10-67ss.

Afonso de Albuquerque: 10-39ss.

D. Francisco e D. Lourenço de Almeida: 5-45; 10-26ss; 10-29ss; 10-32ss.

Cristovão da Gama: 10-96.

Fernão de Magalhães: 2-55; 10-138; 10-140ss.

D. Manuel: 4-66ss; 8-57.

D. Afonso III: 3-94ss.

D. Dinis: 3-96ss.

D. Pedro: 3-136ss.

Nicolau Coelho: 4-82.

Paulo da Gama: 4-81.

Ínclita Geração: 4-50.

D. Sebastião em Marrocos: 1-6; 10-156.

Luís de Camões: 7-78ss; 10-9; 10-128; 10-154ss.

São Vicente: 3-74.

São Tomé na Índia: 10-108ss.

Doze de Inglaterra: 6-42ss.

Saladino: 3-87.

Maomé: 1-53; 2-50.

Cleópatra: 2-53; 6-2.

César: 8-12.

Alexandre: 1-3; 7-54; 8-12.

Cipião: 4-20.

Aníbal: 3-116.

Homero, Virgílio: 5-87ss; 5-93.

David, Golias: 3-111.

Alcorão: 3-50.

Bandeiras, Bandeira castelhana: 4-41; 4-46; 8-20.

Reino, Rei: 3-93; 4-17; 4-21.

Servir o Rei: 8-54; 9-95.

Destruição do Templo de Jerusalém: 3-117.

Soberba castelhana: 3-99.

Bombardas, Artilharia: 2-90; 7-76; 2-100.

Astrolábio: 5-25.

Escorbuto: 5-81ss.

Castas, Brâmanes: 7-37ss; 7-40.

Leão: 1-68; 4-34.

Cavaleiros: 10-151.

Muralha da China: 10-130.

Torre de Babel: 7-45.

Planetas do Sistema Solar: 10-89.

Geografia física e política: 10-91ss.

A Terra: 10-91ss.

Adamastor: 5-37ss.

Velho do Restelo: 4-94ss.

Batalha de Toro: 4-57ss.

Toro no Sinai: 10-99.

1º e 2º Cerco de Diu: 2-50; 10-62; 10-68ss.

Batalha naval de Chaul: 10-29ss.

Batalha naval de Diu: 10-33ss.

Batalha de Ourique: 3-42ss.

Batalha do Salado: 3-107ss.

Conquista de Lisboa: 3-57.

Conquista do Algarve: 3-95.

Batalha de Aljubarrota: 4-24ss; 7-29ss.

Crise de 1383-85: 4-2ss.

Batalha de São Mamede: 3-31.

Brasil: 10-63; 10-140ss.

Ceilão: 1-1; 9-14; 10-51; 10-107; 10-136.

Bintão: 10-57.

Cochim: 2-52; 10-11ss.

Moçambique: 1-54; 2-48; 5-84.

Castela: 3-34; 3-99.

Goa: 2-51; 10-42ss.

Diu: 2-50; 10-64; 10-67.

Malaca: 10-44; 10-57; 10-123.

Ormuz: 2-49; 10-40; 10-53.

Damão: 10-63.

Calecute: 2-52; 6-92; 7-16; 7-22.

Baçaim: 10-61.

China: 2-54; 10-129ss.

Sintra: 3-56.

Lisboa: 3-57ss; 6-7.

Beja: 3-64.

Sesimbra: 3-65ss.

Silves: 3-86ss.

Ceuta: 4-49.

Ilha da Madeira: 5-5.

Melinde: 6-4.

Molucas: 9-14.

Índia: 7-17ss; 7-31ss.

Etiópia: 10-52; 10-95ss.

África: 10-92.

Sofala: 10-94.

Japão: 10-131.

Bornéu, Timor: 10-133; 10-134.

Samatra: 10-124; 10-135.

Constantinopla: 3-12; 7-12.

Portugal: 3-20ss.

Máquina do Mundo: 10-77ss.

Ilha dos Amores: 9-21ss; 9-40.

 

27
Dez20

O Brasão de Portugal

Sérgio Sodré

- Das Quinas -

Quanto à sua origem e significado, a versão mais antiga que se conhece foi divulgada pelo conde D. Pedro (filho bastardo do rei D. Dinis), 1287-1350, na sua "Crónica Geral de Espanha", de 1344.

No capítulo DXLI, intitulado "Como e por qual razão chamaram o condado de Portugal", escreve:

 ... foy posto o nome a terra Portugal. E quando el rei dom Afonso deu esta terra ao conde dom Henrique em casamento com sua filha, mandou que lhe chamassem o condado de Portugal. E este conde dom Henrique houve um filho desta sua mulher dona Teresa, que houve o nome dom Afonso e foi feito rei  em na batalha que houve com os V reis em o campo de Ourique. E, depois da lide, mudou os sinais das suas bandeiras, cá, antes da lide, trazia as armas brancas como seu padre e, depois da lide, pôs em no seu pendão V escudos azuis, por memória dos V reis que vencera, e pose-os em cruz, por relembrança da cruz em que Nosso Senhor Jesus Cristo teve as espáduas, e, em cada um escudo, pôs XXX dinheiros brancos, representando os por que foi vendido, segundo adiante ouviredes. 

No capítulo DCCVIII, intitulado "Como o príncipe dom Afonso foi feito rei e venceu a batalha de Ourique", escreve:

Conta a estória que,... ajuntou todas suas gentes e foi sobre os mouros e correu-lhes a terra toda de Coimbra até Santarém e daí passou o Tejo e correu toda a terra até o campo de Ourique, onde achou el rei Ismar que a essa sazão era rei da Estremadura com cinco reis que o vinham buscar, sabendo o grande dano que lhes fazia em sua terra. E entrou com eles em batalha no lugar que é o dito Castro Verde e venceu-os e matou e prendeu a maior parte de todas suas gentes.

Mas, antes que entrasse em na batalha, conta a estória que os seus o alçaram por rei. E desde então se chamou rei de Portugal. E, depois que os reis foram vencidos, como dissemos, el rei dom Afonso de Portugal, por memória daquele bom acontecimento que Deus lhe dera, pôs no seu pendão cinco escudos por aqueles cinco reis e pose-os em cruz por  relembrança da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. E pôs em cada um escudo XXX dinheiros por memória daqueles XXX dinheiros por que Judas vendeu Jesus Cristo. E  daí tornou-se para a sua terra mui honradamente e com grande vitória.

Assim. seria como se encarava a origem e significado dos escudetes na 1ª metade do séc. XIV e  note-se que o conde D. Pedro remete para uma memória existente ao referir que conta a estória... Os escudetes representavam os cinco reis mouros derrotados; a disposição em cruz aludia à crucificação de Jesus; os besantes estavam pelos 30 dinheiros por que Judas traira Jesus.

Alguns anos depois, a 14 de julho de 1380, o bispo de Lisboa, D. Martinho, descreveu o escudo real numa passagem do seu discurso perante o rei Carlos V de França, dizendo:

Pelo que o nosso rei fez cinco escudos em forma de cruz com cinco golpes, em cada escudo de azul e branco, pelo facto de na batalha em que saiu vitorioso contra infinitos sarracenos no Campo de Ourique se encontrarem no corpo do rei cinco golpes em forma de cruz.

Aqui, os cinco reis são substituídos por cinco feridas sofridas por D. Afonso Henriques na batalha.

Segue-se, o designado "Armorial Ocasional do Concílio de Constança" escrito e iluminado pelo arauto Constantinopla em 1416, que declara:

... disseram a esse mesmo conde que o queriam a ele como rei e com ele viver ou morrer. Logo de imediato o fizeram rei no acampamento. No dia seguinte, travado combate entre sarracenos e cristãos, os cinco reis caíam mortos... E, porque antes daquele combate, tal rei cristão vira numa aparição a Nosso Senhor Jesus Cristo com as cinco chagas, e pelo auxílio da graça do mesmo Cristo vencera esses cinco reis infiéis, e naquele combate cinco escudos haviam sido despedaçados no seu braço, traçou para si e para os seus sucessores as suas armas. Deste modo, mandou pintar em honra das cinco chagas de Jesus Cristo cinco escudos em forma de cruz da cor do céu em campo branco, e, nesses escudos, trinta dinheiros de prata em memória da venda de Jesus Nosso Senhor.

Verificamos que as cinco feridas de D. Afonso Henriques passam a ser as cinco chagas de Jesus Cristo.

Apenas exponho a documentação mais antiga que revela o que os seus autores acreditavam, e explica o que todos já ouvimos sobre essas armas, isso não implica necessariamente que essas tivessem sido as ideias de quem efetivamente concebeu os cinco escudos azuis carregados de besantes em campo de prata (branco), o que terá ocorrido algures no final do reinado de D. Afonso Henriques (depois de 1170) e certamente antes de 1189 (há um sinal rodado de D. Sancho I com os escudetes).

- Dos Castelos -

O escudo real foi acrescentado de uma bordadura, de vermelho, com castelos de ouro durante o reinado de D. Afonso III, cuja origem reside num escudo vermelho semeado (número indefinido) de castelos de ouro que seria o brasão do infante D. Afonso (nascido em 1210) quando foi acolhido na corte francesa (cerca de 1229) pela sua tia D. Branca de Castela mulher do rei Luís VIII (após a morte deste, regente do reino de França na menoridade de seu filho futuro Luís IX).

D. Afonso terá usado castelos por a sua mãe, D. Urraca (casada com o rei de Portugal D. Afonso II), ser filha de D. Afonso VIII, rei de Castela, e ele, como filho segundo, escolheu brasão por via materna (semelhante, mas não igual ao brasão de Castela que é um único castelo) já que não era o herdeiro da coroa portuguesa. Outros netos de D. Afonso VIII de Castela adotaram armas (brasão) semelhantes às deste seu avô detentor de grande prestígio europeu após a decisiva vitória de Navas de Tolosa, em 1212, sobre  o califa almóada.

Sua tia vai arranjar-lhe casamento, em 1235, com a viúva Matilde II, condessa de Bolonha, e assim D. Afonso torna-se conde de Bolonha. Subsiste nos arquivos nacionais franceses (proveniente de documento da abadia de Froidmont) um selo equestre de D. Afonso, já conde de Bolonha, de 1241, em que os castelos preenchem todo o escudo do cavaleiro e a parte frontal da gualdrapa do cavalo enquanto a parte da garupa se reveste das armas de sua mulher (Dammartin semeado de França antiga) que o novo conde juntou às suas.

De 1245 a 1248, decorre a guerra civil em Portugal entre D. Afonso e seu irmão, o deposto rei D. Sancho II, cujo falecimento, a 4 de janeiro de 1248 (em Toledo), eleva ao trono D. Afonso III. Antes da morte de D. Sancho, D. Afonso usaria o seu brasão de conde de Bolonha, e o cronista Rui de Pina garante que, na sua nova condição de rei, D. Afonso III passou a utilizar apenas o brasão das Quinas, (idêntico ao do seu irmão D. Sancho II).

Segundo Rui de Pina, D. Afonso III somente juntou às armas reais a bordadura vermelha com os castelos de ouro depois da conquista definitiva do Algarve, em 1249, quando se intitulou Rei de Portugal e do Algarve, e em representação desse novo território (em 1253, resigna ao condado de Bolonha e repudia a mulher D. Matilde). Esta afirmação do cronista-mor do Reino tem gerado controvérsia entre os estudiosos, mas o certo é que o primeiro selo que se conhece de D. Afonso III com as quinas e os castelos é de 8 de maio de 1251, não havendo forma de provar que Rui de Pina errou ao escrever na "Crónica do muito alto e esclarecido príncipe D. Afonso III...":

...se intitulou sómente Rey de Portugual e Conde de Bolonha , e trouxe seu Escudo com has sóos Quinas sem a Orla, e bordadura dos Castellos, assi como hos outros Reys de Portugual atée este tempo trouxeram , segundo en coronista ho vi nos selos pendentes de algumas suas Cartas, que naquelle tempo passaram, e has achey na Torre do Tombo destes Reynos, de que por ho offício som guarda-móor.

Em suma, parece que D. Afonso III terá recorrido ao seu antigo brasão pessoal para representar uma nova conquista (e mostrando também bem que foi ele quem a realizou), não tendo razão quem diz que a bordadura dos castelos nada tem a ver com o Algarve nem quem julga que apenas teve a ver com a posse do mesmo (o número de castelos da bordadura só seria fixado séculos depois).  

Imagem D.Afonso Conde de Bolonha.png

14
Dez20

Império Bizantino?

Sérgio Sodré

É já um hábito, que quase ninguém questiona, assinalar um dito Império Bizantino constituído aquando da fundação da cidade de Constantinopla, a Nova Roma do Imperador Constantino, em 324 d.C., e extinto em 1453 por conquista dessa cidade pelos turcos otomanos do Sultão Maomé II. Apenas é de não esquecer que se trata de uma designação que muitos aceitam por mera conveniência. Na realidade, o Império Bizantino nunca existiu. O que houve foi um Estado Romano, o Império Romano do Oriente, cuja capital era Constantinopla.

Os seus habitantes apelidavam-se, a si próprios, de romaioi (romanos), ou simplesmente cristãos, e chamavam ao seu país Romania. Só eram designados como byzantios aqueles que fossem especificamente naturais da cidade de Constantinopla, cujo núcleo original, era a antiga cidade grega de Bizâncio, que compreendia uma pequena área da nova cidade expandida por Constantino.

Para os europeus ocidentais, os habitantes da parte oriental do Império Romano eram geralmente denominados de graeci (gregos), tal como os eslavos que lhes chamavam greki, mas os árabes e os turcos classificavam-nos de rum (romanos).

O termo Byzantinus, enquanto designação do Império e respetivos habitantes, só começou a ser utilizado no Renascimento europeu.

(baseado em Cyril Mango - Bizâncio, o Império da Nova Roma, 1980)

18
Jul19

As Cartas de Brasão de Armas

Sérgio Sodré

As cartas de brasão de armas eram documentos públicos que conferiam oficialmente a um determinado indivíduo o direito ao uso do brasão de armas nelas definido juntamente com o reconhecimento da sua condição de nobre, no mínimo de fidalgo de cota de armas ou então de fidalgo de linhagem caso já descendesse de fidalgos.

Consoante o diploma, podem ser classificadas da forma seguinte:

  • Cartas Régias de Mercê Nova - diplomas de criação e concessão pelo Soberano de um brasão novo a favor de um indivíduo e transmissível a todos os descendentes (a primeira conhecida é de 1438).
  • Cartas Régias de Nobreza por Certidão - diplomas pelos quais os oficiais públicos competentes (o Rei de Armas Portugal), em seu nome e por autoridade das suas funções, reconheciam, ordenavam e certificavam, bem como registavam em favor de determinado indivíduo já nobre, um brasão de armas a que tivesse direito por seus ascendentes.
  • Cartas Régias de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia - diplomas pelos quais o Soberano reconhecia a determinado indivíduo o direito ao uso do brasão de armas de seus ascendentes, previamente requerido, ordenado e registado pelo Rei de Armas Portugal, conjuntamente com a confirmação da sua qualidade de fidalgo de linhagem com os privilégios inerentes (este diploma era de exclusiva reserva do Rei e implicava a apresentação prévia de uma sentença de justificação de nobreza da competência do Juízo Cível da Corte e Casa da Suplicação transitada pelo Desembargo do Paço e chancelaria respetiva).
  • Cartas de Brasão de Armas Híbridas - diplomas que apareceram no início do séc. XVIII e que, no fundo, eram cartas de brasão de armas régias de que os reis de armas alteravam o formulário encabeçando-as com o título da sua função, embora fossem fundamentadas em justificações do Desembargo do Paço e processadas e sentenciadas pela chancelaria da Corte.
  • Cartas de Confirmação ou Indigenação de Brasões de Armas Estrangeiros - diplomas que equivaliam a Cartas de Mercê Nova, portanto sempre cartas régias de chancelaria, que, no séc. XV e XVI, eram passadas após produção de prova testemunhal ou documental perante juízo competente, e que mais tarde seguiram a tramitação das cartas régias de Nobreza e Fidalguia.

    (vd. Cartas de Brasão de Armas, Marquês de São Payo, revista "Armas e Troféus", Braga, 1960)

  

 

07
Jul19

A Batalha de Ourique, os Cinco Reis Mouros

Sérgio Sodré

A batalha de Ourique foi travada aos 25 dias de Julho de 1139, dia de Santiago, no Alentejo, com as fases cruciais do confronto a ocorrerem na colina de São Pedro das Cabeças, entre as forças do nosso primeiro rei e um exército islâmico almorávida. Está diretamente associada à aclamação de Afonso Henriques como rei pela nobreza guerreira, logo antes do confronto ou logo depois, passando o infante a intitular-se Rei dos Portugueses, sem qualquer autorização de Afonso VII de Leão e Castela, Imperador da Hispânia.

À época, a povoação mais relevante nas proximidades era a de Ourique, mas hoje é a vila de Valverde situada 4 km a noroeste de São Pedro das Cabeças. A assinalar o local, temos um monumento de 1940 completado por outro de 1989, bem como uma pequena ermida mandada fazer pelo rei D. Sebastião, em 1573, no mesmo sítio onde existia uma outra, rústica e então em derrocada, mandada erigir pelo próprio D. Afonso Henriques logo depois da batalha.

A crónica Vida de São Teotónio (1082 a 1162), que foi canonizado pelo papa Alexandre III, em 1163,  o primeiro santo português e primeiro prior de Santa Cruz de Coimbra, confessor de D. Afonso Henriques, escrita por um seu companheiro anónimo em 1163, precisa que o nosso primeiro rei venceu, a 25 de Julho, dia de Santiago, cinco reis pagãos acompanhados de grande multidão de mouros dos dois lados do estreito (de Gibraltar).

Pode ter sido escrita antes da Crónica dos Godos, a que se deu o título coletivo de «Annales Portucalenses Veteres» - Anais Portugueses Velhos, que serão de fins do século XII e princípios do século XIII, onde a batalha de Ourique é descrita com pormenores que levam autores modernos a duvidar dos mesmos. Aqui, fala-se da multidão de combatentes muçulmanos de Espanha e de Além-Mar (Magrebe), entre eles guerreiros das taifas (territórios independentes) de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja, e de outros castelos, incluindo amazonas que combatiam a pé ou a cavalo. Isto levou, posteriormente, a admitir que as cinco taifas corresponderiam aos cinco reis, embora seja evidente que só comportavam uma parte do total do exército mouro e a Crónica não use essa expressão. Importante, é que, embora de autor desconhecido, há hoje a convicção de que esta Crónica também foi produzida em Santa Cruz de Coimbra, tal como a Vida de São Teotónio.

 Vamos agora expor resumidamente algumas passagens do Antigo Testamento da Bíblia que talvez sejam a explicação para a questão em epígrafe:

Adonisec, rei de Jerusalém, soube que Josué tinha tomado a cidade de Ai,... Soube ainda que os habitantes de Guibeon tinham feito a paz com os israelitas e viviam com eles... Uniram-se, pois, os cinco reis amorreus, isto é o rei de Jerusalém, o de Hebron, o de Jarmut, o de Láquis e o de Heglon e saíram com os seus exércitos para cercarem e atacarem Guibeon... Josué partiu de Guilgal, caminhou durante toda a noite e atacou de surpresa os reis amorreus...o Senhor fez desabar sobre eles uma tempestade de grandes pedras de granizo... E foram mais os que morreram por causa das pedras de granizo do que aqueles que os israelitas mataram à espada... O Senhor combatia por Israel... Josué e os israelitas derrotaram-nos e destruíram-nos...Mandou depois matar os cinco reis. [Josué 10].

..., porque são cinco os chefes dos filisteus, uma vez que o mesmo castigo vos atingiu a vocês e aos cinco chefes... das seguintes cidades: Asdod, Gaza, Ascalon, Gat e Ecron..., os filisteus avançaram para atacar o povo de Israel, mas o Senhor mandou contra eles fortes trovões. Os filisteus entraram em pânico e Israel derrotou-os. [Samuel 6 e 7].

Considerando que quem escreveu sobre a batalha de Ourique foram clérigos do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, poucas décadas depois do confronto, não será que se inspiraram no modelo bíblico dos cinco reis ou chefes inimigos do povo de Deus derrotados numa grande batalha para construirem a sua narrativa? Não será que os  cinco reis pagãos de Ourique são decalcados dos cinco reis amorreus e dos cinco chefes dos filisteus? Não será que as taifas de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja são referidas por inspiração nos amorreus de Jerusalém, de Hebron, de Jarmut, de Láquis e Heglon, e nos filisteus de Asdod, Gaza, Ascalon, Gat e Ecron?

Era, talvez, a forma ideal de realçar as importância da batalha de Ourique para D. Afonso Henriques e para os Portugueses... Uma vitória contra os muçulmanos idêntica às grandes vitórias bíblicas contra os infiéis. Daria, talvez no final do reinado, azo ao brasão real com os cinco escudetes (os cinco reis?) repletos de besantes (as grandes pedras de granizo com que Deus ajudou?).

 

04
Jul19

Os Descobrimentos Portugueses, a Alimentação no Mundo

Sérgio Sodré

O mundo lusitano em movimento teve um impacto inapagável na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. O movimento de mercadorias como a pimenta, as especiarias e o açúcar alterou a alimentação dos europeus e os seus hábitos culinários. Se há casos em que é possível afirmar, com uma confiança razoável, que os portugueses foram os primeiros a introduzir plantas de uma região do mundo noutra, há também outras ocorrências onde, não tendo a primazia, a sua ação foi importante.

A introdução do milho e da mandioca na África Ocidental teve repercussões demográficas. Efetivamente, nenhuma nação isolada pode rivalizar com os portugueses no feito de terem alterado e melhorado a alimentação de tanta gente através da transplantação de culturas alimentares e da movimentação de produtos agrícolas.

Tecnologias de cultivo também foram transferidas.

vd. A.J.R. Russell-Wood, Um Mundo em Movimento - os Portugueses na África, Ásia e América (1415-1808), Difel,1998.  

Os Portugueses chegaram no sec. XV em demanda da rota das Índias. Através deles, os negros ficaram a conhecer plantas americanas como o milho, a mandioca e a batata-doce.

O tráfico entre continentes introduziu em África duas das principais fontes da sua riqueza atual: o amendoim e o cacau são hoje os grandes produtos exportados pela África ocidental, onde a sua cultura modificou o aspeto de imensas regiões e originou uma transformação profunda do sistema fundiário. Inúmeras vidas foram salvas durante os anos de fome.

O cacau foi importados pelos Portugueses para a ilha de São Tomé, daí e de Fernando Pó passou para o Gana.

vd. Denise Paulme, As Civilizações Africanas, coleção saber, publicações europa-américa

20
Jun19

Revolução Francesa, a Vontade Geral

Sérgio Sodré

Na obra "A Revolução Francesa", o autor Pierre Gaxote explica a noção de Vontade Geral enquanto apologia da tirania dos governantes "iluminados".

Rousseau... estabelece as bases da sociedade futura, que assegurará aos homens o exercício dos direitos naturais. Tais fundamentos são: a igualdade completa dos associados, a alienação dos direitos de cada um em proveito da coletividade, a subordinação dos contratantes à Vontade Geral. Entendamo-nos sobre o sentido desta expressão. A Vontade Geral não é a vontade do maior número, mas sim a voz profunda da consciência humana, tal como ela deveria falar em cada um de nós e tal como ela se exprime pela boca dos cidadãos mais virtuosos e esclarecidos.

Em resumo: a Vontade Geral define-se, portanto, com um sistema filosófico.

(...)

A propriedade, a família, a corporação, a cidade, a província, a pátria e a igreja são outros tantos obstáculos a abater. Objetar-se-á que a maior parte dos cidadãos os respeitam, sentem-se bem com eles e ali encontram a sua felicidade e paz de alma, mas isso pouco importa: não há liberdade contra a liberdade. Se a Vontade Geral não fala dentro deles, é porque são pervertidos e degradados, e é um dever, para os cidadãos "conscientes", tratar de os emancipar mesmo contra a sua vontade. (pg. 49)

(...)

Por trás destas agitações, há a pequena congregação dos fiéis e dos iluminados. São eles quem detém a verdade e que juraram entre si estabelecer o seu império. Eles é que são a Vontade Geral. Quantos aos adversários, qualquer que seja o seu número, o seu respeito pelo sufrágio universal e a sua devoção pela forma republicana, eles nunca passarão de aristocratas, de reacionários, de hereges e, na ocasião oportuna, de usurpadores, pois, da mesma forma que há um rei legítimo, há um povo legítimo.

Contra eles, todos os meios são permitidos: a fraude eleitoral, assim como a guilhotina. (pg. 50) 

(...)

Quanto àqueles que objetarem que os revolucionários não são de forma alguma a comunidade, Saint-Just responder-lhes-á que a Vontade Geral não é a vontade do maior número, mas sim a vontade dos puros, que são os encarregados de elucidar a nação sobre os seus verdadeiros desejos e a sua verdadeira felicidade. (pg. 277)  

 

10
Jun19

Portugal, a Independência

Sérgio Sodré



  • Em 1071, o antigo Condado Portucalense é extinto.

  • Em 1095/6, criação do novo Condado Portucalense pelo Rei D. Afonso VI de Leão e sua entrega em doação hereditária ao genro, o Conde D. Henrique de Borgonha, e a sua filha D. Teresa.

  • A 24 de Junho de 1128, batalha de São Mamede, os Portugueses libertam-se do poder da nobreza da Galiza que controla D. Teresa, e D. Afonso Henriques ascende a Conde depondo a sua mãe.

  • A 25 de Julho de 1139, batalha de Ourique, D. Afonso Henriques aclamado Rei dos Portugueses assume esse título sem requerer permissão ao Imperador D. Afonso VII, o que manifesta os seus propósitos independentistas.

  • A 4/5 de Outubro de 1143, conferência de Zamora, o Imperador da Hispânia, D. Afonso VII, reconhece o título de Rei a D. Afonso Henriques, conquanto este se mantenha seu vassalo.

  • A 13 de Dezembro de 1143, D. Afonso Henriques envia a carta Clavis regni ao Papa Inocêncio II propondo-lhe a vassalagem direta de Portugal à Santa Sé, o que significa deixar de ser vassalo de D. Afonso VII.

  • A 1 de Maio de 1144, o Papa Lúcio II envia a resposta pela carta Devotionem tuam designando D. Afonso Henriques como Duque Portucalense e aceitando a sua vassalagem direta à Santa Sé, pelo que este e Portugal ficam libertos da suserania do Imperador da Hispânia D. Afonso VII de Leão e Castela.

  • A 23 de Maio de 1179, o Papa Alexandre III emite a bula Manifestis probatum reconhecendo D. Afonso Henriques como Rei dos Portugueses e reafirmando a respetiva vassalagem à Santa Sé.




 

 

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